3 de out. de 2013

Regras claras contribuem com clima organizacional


Recebemos uma dúvida que deve ser de muitos: “Sou responsável por toda a parte administrativa, inclusive pessoal e informática, de um escritório com 20 colaboradores. Uma das coisas que mais me cobram é a liberação do acesso ao Facebook nos computadores da empresa. O dono é contra e eu concordo com ele: acho que o pessoal vai perder o foco. Estamos errados?

            As mídias sociais são mesmo um prato cheio para quem tem fome de diversão e bate-papo. No entanto, bloquear acesso a elas pode gerar grande descontentamento no público interno, como parece acontecer onde você trabalha. Em vez de fomentar esse clima e criar a imagem de uma empresa retrógrada, que tal estabelecer uma política de acesso?
            Veja só: se há rede wifi no escritório, o pessoal acessa a web de qualquer maneira, via smartfones pessoais. E, mesmo sem wifi, muita gente tem pacote de dados queacesso via 3G, de modo que, querendo a empresa ou não, o acesso às redes sociais já está sendo feito pelo colaborador durante o expediente. Liberar o acesso nos computadores da empresa pode parecer ruim, mas é uma iniciativa com forte impacto positivo sobre o clima, pois significa que a empresa está ouvindo o colaborador e confiando na maturidade dele, com relação ao bom uso que ele fará desse livre acesso.
            Ao liberar acesso ao Facebook e demais sites de relacionamento ou não, você deve deixar claro a todos que o tempo de acesso de cada um poderá ser monitorado pela empresa. E, importantíssimo, a empresa deve estabelecer uma política de acesso à web, que trará regras claras, inclusive sobre o que a empresa considerará como falta grave (exemplo: sites com conteúdo adulto, atividades ilícitas, compartilhar arquivos da empresa, usar pen drives pessoais etc). Essa política deverá ser distribuída e explicada a todos os colaboradores, estimulando-os a tirar dúvidas. Para desenvolvê-la, você pode fazer benchmarking com outras empresas ou lançar mão da ajuda de uma agência de comunicação. E o benefício para o escritório, qual será?  Colaboradores mais motivados e tudo de bom que deriva disso.


19 de set. de 2013

Tecniquês em portinglês


Smartphone, smart TV, smart watch. A cada dia, aqui no Brasil, surgem mais nomes em inglês para coisas relacionadas a tecnologia e comunicação. Com isso, cresce a dificuldade para assimilar tantas palavras e conceitos novos. E uma das premissas básicas para viabilizar a comunicação é que emissor e receptor compartilhem o mesmo código – ou seja, é necessário que falemos a mesma língua. Sendo assim, anote aí: smart é qualquer coisa com conexão à internet ou convergindo com outros equipamentos multimídia. E se essa última frase já lhe soou complicada, calma: você não está só. É grande o número de pessoas de diversas faixas etárias – jovens, inclusive – que se atrapalham com tantos termos novos e em inglês. Por isso, selecionamos alguns ligados à comunicação empresarial e tentamos traduzi-los resumidamente, usando uma linguagem bem simplificada.

Google – todo mundo usa e sabe o que é e entrou nesta lista para alertar você: antes de usar qualquer citação, dado ou informação obtida no Google (ou em qualquer outro buscador – sim, há vários outros menos populares), verifique se a fonte é confiável. Tomar como verdade qualquer resultado de pesquisa no Google pode provocar um enorme estrago na comunicação da empresa.

Facebook e Google+ – são sites de relacionamento, redes sociais concorrentes. Você faz login (se cadastra) e passa a poder interagir com pessoas novas ou conhecidas. Permite escrever textos, publicar fotos, compartilhar notícias, bater papo em tempo real etc. Cada vez mais usadas pelas empresas, para interagir com clientes e aumentar a presença da marca no ambiente web.

Twitter – rede social também. Só que, no Twitter, o seu recado tem que ser dado em até 140 caracteres. Só esta breve definição, desde o T até o ponto final, tem 165.

Slide Share – site no qual se podem ver e compartilhar apresentações, geralmente em Power Point. YouTube é a mesma coisa, só que para vídeos. E Flickr também, só que para fotos e imagens em geral. Em todos esses, você pode ver materiais sem precisar se cadastrar. Você só precisa se cadastrar se quiser compartilhar materiais.

LinkedIn – rede social voltada a relacionamentos profissionais. Você faz login e monta o seu currículo, por assim dizer. Muitas empresas já usam o LinkedIn para recrutar pessoal.

Skype – é o telefone via internet. Você se cadastra e passa a se comunicar, por voz e vídeo, com outras pessoas cadastradas. Assim como o Facebook, também pode ser usado como chat – para bater papo em tempo real por meio de texto

E aí? Quantos desses termos você já conhecia?


Fechando as portas e abrindo o jogo


A notícia era cruel: “a fábrica vai fechar as portas em alguns meses”. E agora? Qual deve ser o papel da comunicação interna nesse cenário? Conheça a história de uma indústria que fez da comunicação interna uma ferramenta estratégica de gestão diante de uma situação crítica e, assim, conseguiu reduzir, para empresa e trabalhadores, os impactos negativos desse processo

Era uma vez uma indústria de autopeças na periferia do Rio de Janeiro, que empregava diretamente quase 500 pessoas. O grupo nacional que era dono dessa fábrica concluiu que seria melhor para os negócios transferir a produção carioca para as suas unidades fabris em São Paulo. Entre as providências tomadas para levar a cabo essa decisão, foi contratada uma consultoria, para orientar sobre como o encerramento das atividades deveria ser feito. E veio a orientação: dia tal, a fábrica amanhecerá de portões fechados. Até lá, tudo deverá ser feito normalmente, sem nenhum aviso aos empregados. Era assim que muitas outras empresas já haviam feito. A principal argumentação para conduzir o processo desse jeito era a dificuldade que o sindicato criaria, as greves que viriam, talvez até quebra-quebras, sabotagens e danos ao patrimônio da empresa. E não tinha jeito, iria fechar mesmo, então, que fosse de uma vez.
O principal executivo da fábrica a ser fechada era um gringo de poucas falas, bastante experiente e cujo emprego nem de longe estava ameaçado pelo fechamento da fábrica – ele voltaria para São Paulo, onde integrava o staff de ouro do grupo. Ele se posicionou contra todos os seus pares e contra a veemente orientação da consultoria para se fazer a coisa assim, às escondidas. Mais do que isso: ele se indignou. Afinal, fazia uns três anos que ele havia sido designado para ‘tocar’ aquela fábrica e estava decidido a não enganar seus funcionários. Sua inabalável convicção, o prestígio conquistado em anos de serviços prestados ao grupo e muita negociação levaram a uma nova decisão: o processo de fechamento seria feito às claras. A consultoria entrou em pânico. “Isso é loucura”, afirmavam.
Aí entrou em cena a comunicação. O gringo não apenas conhecia o seu pessoal, mas também se relacionava com ele, com o apoio da área de comunicação interna e de alguns canais implantados desde a sua chegada. Esse trabalho foi intensificado. Quadros de avisos, boletins, eventos de portas-abertas, reuniões, tudo foi usado para transmitir aos trabalhadores a consideração e confiança que mereciam. Além disso, ele se expôs várias vezes, subindo nos degraus do Almoxarifado e, microfone na mão, colocando o pessoal a par do andamento do processo. Não se escondia: andava pela fábrica e interagia com os trabalhadores, mesmo falando pouco e baixo, era transparente e objetivo.  
Foram vários meses desde o anúncio oficial aos empregados até o fechamento da fábrica carioca. A produção continuou ativa por vários desses meses, para que não faltassem peças no período entre o seu fechamento e a retomada da produção em São Paulo. Fatos surpreendentes aconteceram, resultantes da prática efetiva da comunicação, e dois deles merecem destaque: o primeiro foi que, nesse período, a fábrica carioca bateu seu recorde de produção; o segundo foi a parceria estabelecida com o sindicato, que compartilhou seu mailing de empresas do setor, para as quais foram enviados books de currículos preparados pela empresa. Isso ajudou a recolocar vários profissionais.
Alguns empregados demonstraram interesse em abrir negócios próprios, com a experiência que tinham e a indenização que receberiam. A empresa, então, chamou o Sebrae para orientar esse grupo. Um cronograma de dispensas divulgado nos canais de comunicação internos permitiu que os trabalhadores se preparassem para o desligamento, e muitos deles, inclusive, ajudaram a transferir as máquinas e a reiniciar a produção em São Paulo.
Foi muito difícil, mas nem se compara a chegar para trabalhar e dar de cara com um portão lacrado e um aviso de demissão coletiva colado no muro. Muito tempo e muitos recursos foram investidos, sim. Pacotes financeiros, negociações. Mas nenhum lote sabotado foi produzido. Nenhum dano foi causado à imagem da empresa. Nenhum minuto foi perdido com greve.
O sindicato fez seu trabalho de negociar um bom pacote de benefícios para os demitidos. E a empresa fez a sua obrigação de pagar a todos dentro da lei. Mas o dinheiro nunca seria satisfatório se faltasse esse relacionamento estabelecido por meio da comunicação interna.
Esta história é verídica e a empresa ainda existe, foi vendida e cresceu. E a consultoria que queria bater a porta na cara dos empregados? Não existe mais faz tempo...